Fernanda Zampoli Da Redação
Além do aspecto de desleixo, os terrenos baldios descuidados trazem inúmeros transtornos aos vizinhos. Lixo, mau cheiro, insetos, bichos, doenças e insegurança são os principais transtornos apontados por quem mora ao lado de um deles. O problema não é privilégio de uma região, ou de uma rua, tampouco se está em área considerada nobre ou humilde. Ele se estende a todos os bairros de Criciúma e atinge inúmeras pessoas. A reportagem do Jornal A Tribuna circulou por diversos bairros da cidade e pôde constatar de perto a situação de quem não mede esforços para manter o seu terreno limpo, contudo, acaba sofrendo as consequências daqueles que estão desatentos.
Em muitos casos o matagal toma conta das estradas, e nem sempre os lotes estão vazios. "Já ligamos para prefeitura, uma vez vieram e limparam, mas agora está há uns dois anos assim. Uma vez pegamos uma cobra aqui dentro do nosso cercado e está até quebrando o muro", disse a estudante Aline Dias de Carvalho, 16 anos. Ela é moradora da rua Blumenau, no bairro Santo Antônio, e enquanto falava dos problemas decorridos com um terreno baldio ao lado de sua casa, um rato entrava na casa da vizinha, do outro lado do lote. Robusto, o roedor chamou atenção pelo tamanho e pela velocidade com que adentrou na garagem da dona-de-casa Sonia Rinaldi, de 42 anos.
Roedores
invadem casas
A moradora naquele momento estava às voltas com os cuidados do seu lote. Cortava a grama na parte de trás da casa e não percebeu a ação do bicho. Conforme Sonia, a visita dos roedores por causa da má conservação do terreno vizinho não é rara. "A gente procura limpar o nosso, mas nem todo mundo pensa assim. Esses dias matamos um lagarto. Não é a primeira vez que entra rato aqui. Não damos conta de colocar veneno, mas pouco adianta", afirmou.
No bairro Brasília, a aposentada Maria de Lourdes Possamai, de 64 anos, há tempos trava batalha contra os caramujos que insistem em destruir sua horta. Moradora da rua Recife, ela é vizinha de um terreno que está abandonado.
As notícias que correm na vizinhança são de que o proprietário mora fora do país e por isso, dificilmente o local recebe alguma benfeitoria. "Às vezes aparecem ratos. Nos preocupamos bastante com a Dengue também porque tem parte de construção ali que ficou depois que demoliram a casa e sabemos que acumula água. O que incomoda muito são os caramujos. Eu cuido do meu lado, mas não adianta, porque de lá, eles vem para cá. Não dou conta", disse.
Matagal invade
a estrada
Já na esquina da rua Xingu com a Salvador, quem sofre são os vizinhos de um grande terreno em que o matagal já atinge a estrada. "Tinha uma casa, mas faz uns dois anos que demoliram. Como ninguém mais limpou, as pessoas acabam colocando lixo e o mau cheiro é grande, às vezes", informou a moradora Giane da Silva, 34 anos.
Quinze fiscais para vistorias
No final de 2007 foi lançado o projeto "Criciúma Mais Limpa e Mais Bonita", que consiste em eliminar problemas, como a poluição visual, o depósito de lixo em terrenos baldios e o precário estado de conservação das calçadas. Ao todo, em Criciúma, existem 20 mil terrenos baldios. Destes, até o mês de março, foram notificados 3.123 lotes, num trabalho de fiscalização da prefeitura.
De acordo com a chefe da Divisão de Planejamento Físico e Territorial de Criciúma, Tânia Barcelos Nazari, dos 30 fiscais que trabalhavam no ano passado, hoje atuam 15. Mas ela garante que o serviço não está comprometido. "Seria preciso mais pessoas. Estamos tentando montar a equipe com estrutura para intensificar os trabalhos. O projeto continua. Estamos dando conta, mas ainda há reclamação porque muitos esquecem ou moram fora do país", declarou.
Segundo Tânia, embora exista uma lei que ampare o problema e torna obrigatória a responsabilidade do dono do terreno pela limpeza, ainda falta conscientização. "Tentamos fazer cumprir, mas falta conscientização. Infelizmente, nem todos seguem a legislação", enfatizou.
As notificações dos terrenos em más condições de limpeza são despachadas pelos Correios, em forma de carta registrada, com aviso de recebimento (AR). Após o recebimento da notificação, o proprietário do terreno irregular terá o prazo legal de um mês para fazer a limpeza. Caso a lei não seja cumprida, haverá multa estimada em R$ 510.
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