Por Silvio Domingos
Com um regulamento que permite 12 atletas de fora da cidade por equipe, este é o atual retrato do Campeonato Municipal de Futebol de Campo, organizado pela CME, na visão de seus críticos.
Domingo, 27 de junho. Estádio Edval Esaú Pereira, o Campo do Treviso. São Martinho e Unidos fazem mais um jogo do Campeonato Municipal de Futebol – VI Taça Tubozan. 22 jogadores em campo, quase todos desconhecidos do público local. A impressão que se tem é que, além de alguns poucos atletas, só a torcida e a comissão técnica das equipes são da cidade, uma vez que a arbitragem também é de fora.
Mas este não é um jogo a parte, já que a maioria dos times tem um plantel de “estrangeiros” desde que a Comissão Municipal de Esporte, segundo seu presidente, atendendo a exigência dos clubes, instituiu um campeonato em que cada equipe pode ter 12 jogadores de fora da cidade, 2 a mais que na edição passada.
“Não concordamos, mas fomos voto vencido na reunião de clubes que definiu as regras do campeonato”, queixou-se Fábio Moro, dirigente do São Martinho, um dos clubes que sofre com o maior poder econômico de alguns dos adversários. Mesma desigualdade que deve gerar a desistência de um dos participantes da competição antes do término de sua primeira fase: o Real Fiorita, último colocado da tabela de classificação e sem qualquer chance de classificação.
Há também o caso dos auxiliares de arbitragem, que se dizem excluídos do processo. “É uma vergonha e nos sentimos desvalorizados. Lembro que já tivemos aqui um campeonato em que todas as arbitragens foram locais e não houve nenhum problema”, queixou-se um deles, que preferiu não se identificar.
Mas não são só os assistentes e clubes da parte de baixo da tabela que a medida vem atormentando: empresários também se queixam do inflacionamento do custo de patrocínio. Para Romildo Soares, da Metal Soares, “financeiramente o campeonato está se tornando inviável nestes moldes. A redução deve ser gradativa, até atingir um máximo de 6 atletas. Mesmo que o nível técnico baixe, será nosso e incentivará atletas locais a participarem”, expõe Soares, que além de empresário é também vereador do município.
Sandro Motta, Presidente da CME, defende-se com um forte argumento: “Siderópolis é talvez o único lugar onde o campeonato é feito do jeito que os clubes querem”. E completa: A decisão não foi unânime, mas a grande maioria quis assim. Não tenho culpa se alguns times não podem trazer 12. E se quem queria 12 teve poder de persuasão, não é problema meu”.
“Na gestão anterior, a Câmara de Vereadores pediu mais jogadores de fora (eram 5 na época). Depois (em 2008) passou para atletas locais apenas, quando ficou provado que não havia material humano suficiente. O nível técnico baixou muito. Em 2009 foram 10 e este ano 12. Mas para evitar problemas como esse, no próximo ano a CME vai levar a fórmula de campeonato pronta para os clubes”, afirmou Sandro, fazendo um apanhado das últimas edições da competição e antecipando seus planos de acabar com o poder dos clubes na hora de decidir.
Já no tocante aos auxiliares, Sandro é enfático: “Temos só 4 bandeiras, 2 deles tem parentesco com dirigentes e um esteve afastado por indisciplina. Hoje a LARM (Liga Atlética da Região Mineira) é uma parceira nossa. Como não temos uma liga local de arbitragem, depois do incidente de 1° de maio (quando um dos jogos da rodada quase ficou sem os bandeiras) os árbitros e auxiliares só vem da LARM”.
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