quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Não à demolição em Siderópolis



Com referência à matéria publicada no Jornal da Manhã, edição nº. 8.066, dos dias 27 e 28 de novembro de 2010, parabeniza-se a Sociedade Urussanguense pela manutenção e preservação dos antigos casarões do centro da cidade, mesmo com a pressão ativa de setores da Construção Civil, o que se lamenta profundamente. A destruição de quaisquer das casas seria um desastre histórico.



Essas construções ora protegidas, zelosamente, pelos herdeiros das famílias pioneiras, representam a marca da imigração italiana do final do século XIX, e que atraem turistas, como ocorre também em Laguna com suas casas açorianas preservadas por mais de dois séculos. Tal exemplo não foi prestigiado pelos descendentes dos imigrantes do Vêneto que colonizaram as terras do atual município de Siderópolis (nome atual da sempre amada comunidade de Nova Belluno).



Assim a sociedade das últimas décadas foi incapaz de preservar ou de lutar pela proteção de diversas edificações históricas, como a antiga Igreja Nossa Senhora Aparecida;

a Casa que foi sede inicial do governo municipal;

assistiu passivamente à destruição prolongada do Recreio do Trabalhador - local de diversão dos funcionários da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e dos moradores da cidade;

o Escritório da CSN em ruínas;

a desfiguração das Capelas de São Martinho (São Martinho Alto) e Santa Luzia e, por não possuir um local apropriado para arquivar a lei nº 1.835, de 4 de junho de 1997, que dispõe sobre o tombamento da Capelinha de Santana na comunidade de Rio Albina, e isso fez por acontecer uma violência inominada à estrutura da capela, por inescrupulosos, nesse passado ano de 2010, sem que providência alguma fosse tomada pelos poderes constituídos da cidade, notadamente os que dirigem o decorativo setor cultural.



Apregoar aos quatro ventos que “quem gosta do passado é museu”, de forma zombeteira, é entender a plenitude da estultice e do despreparo dos seus autores, pois sem a história contada e preservada, além da manutenção da visibilidade para a beleza de uma localidade, nem os infelizes prosadores existiriam. Sobraram ainda algumas parcas edificações.



O que está sendo feito para sua preservação? Ou somente se espera a queda do último bastião para haver o lamento hipócrita? Deve ser por isso que se luta por um museu, ou transformação de uma casa histórica em Centro Cultural e nada de acontecer algo profícuo nesta seara.



Todo o patrimônio gerado pelo homem em um determinado lugar, num espaço de tempo, é o registro que deve ser muito bem preservado pela sociedade, constituindo-se em marca referencial e importante da obra deixada por nossos antepassados.



O homem é o agente fazedor da história.



Quem existe tem passado, quem existiu teve passado.



Se não fizermos nada, nem o registro da insurgência restará.
João Lazzaris Neto, Nilso Dassi e Ronaldo David - Siderópolis (Nova Belluno)

Foto do Recreio do Trabalhador de Capiri de Baixo





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