Segundo os relatórios do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio datados de 1923, que se encontram arquivados no Cedoc/Unesc, foram realizadas as primeiras pesquisas no Distrito de Nova Belluno para verificação oficial da existência de carvão mineral. A sondagem executada nas cachoeiras do Rio Fiorita no lugar denominado Barro Vermelho encontrou todas as camadas de carvão. O segundo furo, iniciado em 01/02/1923, foi realizado no Rio Jordão, e o fato mais importante detectado nesse trabalho foi a forte redução na espessura das camadas de carvão, como também a ausência da camada rio bonito. Esta foi, talvez, a razão pela qual a localidade de Rio Jordão livrou-se da mineração irresponsável praticada pelas mineradoras na década de 1940 em diante, sem nenhuma preocupação com o meio ambiente.
Conforme mostra a documentação da Cia Metropolitana e confirmada em entrevista por José Frasetto (Bepi Frasetto), antigo morador da cidade e filho de Antonio Frasetto, que na época prestava serviço à mineradora, o início da exploração do carvão no distrito de Nova Belluno aconteceu no ano de 1938. Toda produção era destinada à Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina como combustível para as locomotivas. O transporte do minério produzido no distrito acontecia da seguinte forma: da mina, bem próxima, onde hoje é campo de futebol do Grêmio Esportivo Treviso, até a localidade de Nossa Senhora da Saúde, devido à precariedade das estradas e a altitude, o minério era conduzido através de carros de boi, daí em diante até Rio Caeté – Urussanga-SC - o transporte era realizado por caminhões a gasogênio. Quando o tempo não permitia a passagem dos caminhões, o transporte era concluído por tração animal. O objetivo da Metropolitana era alcançar a malha ferroviária já disponível na localidade de Rio Caeté desde 1925.
No livro-caixa, datado de 31/12/1941, há registro de pagamento ao pessoal que prestava serviço de “escolha manual” do carvão para a Metropolitana. Com os trabalhos de mineração no distrito pode-se constatar que pessoas da comunidade estavam ligadas ativamente ao processo de extração do mineral, como empreiteiros, transportadores, ferreiros, madeireiros, comerciantes, etc. Encontram-se anotados neste livro alguns nomes que prestaram serviços à mineradora: Adelino Cesa, Adelino Savaris, Afonso Adamante, Alberto Rosso (transporte), Amélio Feltrin, Antonio Frasetto (ferreiro), Divino Cesa (transporte), Fideli Tramontin, Francisco Gianizela (transporte), Gervásio Brogni, Guerino Savaris (madeireiro), João Cesa (empreiteiro), João Moretti (empreiteiro), Lino Pascoali, Luiz Scaini e Silvestre Venturini.
Dois moradores lembram a existência da mineração naquele tempo: Raulino Cesa recorda que o método utilizado para pesquisa e lavra do carvão era denominado “cachimbo”, forma ideal empregada quando o minério encontrava-se a poucos metros da superfície. Raimundo Possenti (Mundinho) afirma que a Metropolitana comprou suas terras para minerar. Relata também que João Cesa minerava bem próximo ao centro do distrito.
A Companhia Metropolitana tinha por hábito contratar empreiteiros para que fizessem a extração do carvão e consequentemente a necessidade de mão-de-obra era fundamental, pois todo o processo de extração mineral existente na época era manual. Ressalta-se que as jazidas de carvão exploradas na ocasião, em Nova Belluno, em alguns pontos, praticamente afloravam da terra.
Com a presença da CSN no início da década de 1940 e da Carbonífera Treviso SA na década de 1950, o processo de extração do carvão mineral modernizou-se com a importação de gigantescas escavadeiras. A enorme produção de carvão aconteceria justamente após a inauguração, em 1944, de um túnel com extensão de 388,45 metros entre Rio Ex-Patrimônio e Nova Belluno, possibilitando a conexão com a malha ferroviária regional existente, viabilizando desta forma o escoamento do minério até os portos de Imbituba e Laguna com maior rapidez e economia.
Nilso Dassi – Licenciado e Bacharel em História pela UNESC.
Dezembro/2009
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