Líderes políticos de Siderópolis preparando-se para audiência com o governador Antonio Carlos Konder Reis, em 6 de agosto de 1975. Da esquerda para direita: Otávio Pavan, João Comin, Gironimo Feltrin (Momi), Flávio Maravai, Mario de Nez, Valmor Freccia, Antenor Fernandes (Teno), Hugo Stopazzolli (Assessor de gabinete do governador), Célio Carlos Gomes, Dilnei Rossa, Haroldo de Bona, Ivori de Lorenzi, Afonso Peterle, Giacomo Trombim, João Vamerlati, Artur Fontanella, Silvio Levati, Mario de Bona Portão, Paulo Antonio Webster, Nélio Losso e João Sônego.
Fonte: Arquivo particular de Giacomo Trombim.
Hugo Stopazzolli nasceu em Urussanga (SC) no dia 1/11/1920. Filho de Stefano Stopazzolli e Elizabeta Salvador casou-se em 25/7/1942 com a professora Olga Buogo. Dessa união nasceram dois filhos, Lúcio Antônio Stopazzolli e Hugo Stopazzolli Filho, médicos, atuando atualmente em Criciúma e Florianópolis, respectivamente.
Após seu casamento, Hugo escolheu o Distrito de Treviso para residir, passando a atuar como farmacêutico, montando a farmácia Santa Elisabete, nome este em homenagem a sua mãe. Com a função de farmacêutico, ao longo do tempo, tornou-se um comerciante muito respeitado no distrito.
Filiado ao partido da União Democrática Nacional (UDN), candidatou-se a vereador na eleição municipal de Urussanga de 3/10/1951, sendo eleito para a segunda legislatura, com 314 votos. Como representante do Distrito de Treviso, na sua posse, durante a primeira sessão da Câmara de Vereadores de Urussanga, no dia 6/2/1952, foi escolhido como o primeiro secretário da casa do povo. Após sua eleição como vereador, passou a residir no Distrito de Siderópolis, no mesmo seguimento comercial e atuando com mais afinco na política do distrito.
Em 3/2/1953, na primeira sessão ordinária, em votação secreta, Hugo Stopazzolli foi eleito presidente da Câmara de Vereadores de Urussanga. Foi durante seu mandato de vereador, como presidente da casa, que teve início o movimento de emancipação do Distrito de Siderópolis, findando seu mandato em 31/1/1955.
Na terceira legislatura, com a posse para o segundo mandato na Câmara de Vereadores de Urussanga, José Feltrin (UDN), vereador pelo Distrito de Siderópolis, deu entrada na Câmara ao Projeto de Resolução 3/58, no dia 7/11/1958, propondo a criação do novo município com o nome Nova Belluno em detrimento do nome Siderópolis. É provável que o projeto de Feltrin tivesse orientação dos líderes da UDN local, incluindo Hugo Stopazzolli, com o intuito de resgatar o nome Nova Belluno, mudado por decreto em 31/12/1943, motivado por um “nacionalismo exacerbado”, pelo interventor do estado Nereu Ramos. O nome Siderópolis, para o novo município, aprovado por unanimidade na Câmara de Vereadores em 11/11/1958, foi conseguido com muita festa em Urussanga no dia anterior à votação. Os representantes da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) patrocinaram a virada de última hora, e o nome Siderópolis, homenageando a mineradora, foi concretizado.
João Lazzaris Neto afirma que, quando trabalhava na farmácia Santa Elizabete, na década de 1960, muito se falava, nesse estabelecimento comercial – “quartel general” da UDN – a respeito do método utilizado pela CSN para a escolha do nome Siderópolis. No entanto, na primeira eleição realizada em Siderópolis, pode-se presumir por meio de um folheto publicitário do candidato Raulino Cesa, da UDN, o que significou para o partido a criação do novo município com o nome Siderópolis: “O povo de Siderópolis saberá repudiar os aventureiros e traidores, votando em Raulino Cesa”.
A grande derrota da UDN, em Siderópolis, aconteceu na primeira eleição realizada no município em 30/8/1959. O candidato da CSN, Manoel Minelvina Garcia, numa coligação denominada Aliança Social Trabalhista - Partido Social Democrático (PSD) e Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) - venceu a eleição para prefeito contra o candidato Raulino Cesa por 127 sufrágios de diferença, num universo de 2.931 eleitores.
Após o Golpe Militar deflagrado no Brasil, o comando político da cidade foi tomado pela UDN em 3/6/1964, quando o prefeito Garcia foi deposto, assumindo em seu lugar Valmor Freccia, então presidente da Câmara de Vereadores de Siderópolis na segunda legislatura, permanecendo no cargo até 31/10/1964, quando acabaria o mandato do primeiro prefeito eleito pelo voto popular.
Em cumprimento à Lei Constitucional nº 10, promulgada pela Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, a Câmara de Vereadores de Siderópolis, em sessão extraordinária realizada em 22/10/1964, de forma indireta, elegeu Hugo Stopazzolli para prefeito municipal com os votos dos vereadores da UDN, Renato Mellilo, Raulino Cesa, Plínio Bonassa e Antonio Tramontin, e três votos em branco patrocinados pela ausência dos edis Aldo Silveira (PTB), Orlando de Giacometti (PSD) e Davide Conti (PSD). “A solenidade de posse aconteceu às 17 horas do dia 31/10/1964, sob a presidência do vereador Renato Mellilo, contando com a presença ilustre de vários líderes da cidade e da região, como o deputado federal Diomício Freitas; padre Tarcísio Lovo, vigário da Paróquia Nossa Senhora Aparecida; padre Augusto Viana, diretor do Ginásio Dom Orione; Dr. Sebastião Neto Campo representando o deputado federal Álvaro Catão; deputado Adhemar Ghizi; deputado Arno Enke representando o Sr. Nilson Bender; Fernando M. Berendt representando os senadores Irineu Bornhausen e Antonio Carlos Konder Reis. Após a cerimônia de posse, o novo prefeito ofereceu aos amigos e visitantes um coquetel, no restaurante Sider Bar, que transcorreu num ambiente de grande alegria”. (Jornal Tribuna Criciumense. Criciúma (SC) – 14 a 21 nov. 1964 – Ano X – Nº 486).
Hugo governou o município até 31/1/1966, quando, na segunda eleição para o Executivo, por meio do voto popular, conseguiu fazer seu sucessor, elegendo Jorge Bif (UDN). Na terceira eleição, também, pelo voto popular, em 30/11/1969, para o Poder Executivo, agora pelo partido da ARENA, com chapa única no processo eleitoral, o ex-companheiro da antiga UDN, Raulino Cesa, foi eleito prefeito municipal juntamente com Davide Conti como vice-prefeito. Nessa eleição, Siderópolis conheceu seu primeiro vice-prefeito com ligações profundas no antigo PSD, e que, na inédita eleição indireta realizada no dia 22/10/1964, foi voto contrário à eleição de Hugo Stopazzolli para o cargo de prefeito.
A grande decepção vivenciada por Hugo Stopazzolli ocorreu na eleição municipal para prefeito realizada no dia 15/11/1972. Nessa oportunidade, a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) colocou em disputa, conforme facultava a legislação eleitoral, duas chapas do mesmo partido para a escolha do alcaide da cidade. Compondo na chapa ARENA I com o companheiro de partido João Sonego como candidato a vice-prefeito, integrante da ex-UDN, do distrito de Treviso, Hugo foi suplantado pela ARENA II, chapa composta por Plínio Bonassa como prefeito e Benito Fontanella, integrante do ex-PSD, como vice-prefeito. Fato notório nessa eleição foi a vitória de Plínio Bonassa (antigo integrante da UDN) que, em 22/10/1964, cravou seu voto em favor de Hugo Stopazzolli na única eleição indireta para prefeito realizada no município quando era vereador na segunda legislatura. Devido a articulações dos líderes do antigo PSD e PTB, juntamente com uma ala dissidente da ex-UDN e à interferência importante do líder religioso Padre Martins, vigário da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, Hugo Stopazzolli sofreu uma importante derrota eleitoral, derrota que provocou sua ida para Florianópolis.
Hugo Stopazzolli faleceu em 14/9/2007 e foi sepultado no Cemitério Municipal de Criciúma (SC). Foi um nome de destaque no cenário político sideropolitano, nas décadas de 1950, 1960 e 1970, e que procurou sempre o bem-estar dos munícipes, preocupando-se com todas as carências do recém-criado município de Siderópolis.
Nilso Dassi
- Licenciado e Bacharel em História pela UNESC.
- Membro efetivo, fundador e integrante da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico de Criciúma.
Agosto/2011.
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